quarta-feira, 13 de maio de 2009

atividade 03 - linguagem literária

Literatura é uma linguagem

O texto a seguir serve de base para as questões a, b e c.

O rio e o tempo

Mariano, o narrador protagonista do romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, relembra com carinho a presença poética de Juca Sabão, seu primeiro mestre na vida e no viver.

“Juca Sabão era para mim uma espécie de primeiro professor, para além da minha família. Foi ele que me levou ao rio, me ensinou a nadar, a pescar, me encantou de mil lendas. [...]
As lembranças me surgem velozes como nuvens. Recordo aquela vez em que Sabão se encomendou de uma expedição: queria subir o rio até à nascente. Ele desejava decifrar os primórdios da água, ali onde a gota engravida [...]. Juca sabão muniu-se de mantimentos e encheu a canoa com os mais estranhos e desnecessários acessórios, desde bandeiras a cornetas. Demorou umas tantas semanas. Regressou e fui o primeiro a recebê-lo, nas escadas do cais. Olhou-me, cansado, e disse:
— O rio é como o tempo!
Nunca houve princípio, concluía. O primeiro dia surgiu quando o tempo já há muito se havia estreado. Do mesmo modo, é mentira haver fonte do rio. A nascente é já o vigente rio, a água em flagrante exercício.
— O rio é uma cobra que tem a boca na chuva e a cauda no mar.
Assim proferindo, Juca Sabão me pediu que me aproximasse. Seus dedos me fecharam as pálpebras como se faz aos falecidos. Certas coisas vemos melhor é com os olhos fechados. [...]”
Mia Couto. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.
São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

a) O trabalho com a linguagem literária, nesse texto, caracteriza-se pelo uso de comparações e metáforas.
▪ Identifique os trechos em que ocorrem comparações.
▪ Faça o mesmo com as metáforas.

b) Explique de que maneira a presença das comparações e metáforas no texto desencadeia, no leitor, uma percepção de natureza mais sensorial.

c) Releia a seguinte passagem: “Certas coisas vemos melhor é com os olhos fechados.”
▪ A linguagem foi utilizada, aqui, para fazer referência a algo aparentemente impossível. Na verdade, o narrador cria uma bela imagem ao recorrer a uma figura de linguagem denominada paradoxo. O que o narrador quer dizer com a imagem criada? Explique.


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